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Faz a festa com a Vuvuzela do Malaca
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terça-feira, 7 de setembro de 2010
Mais Ílhavo on-fire
1999- A localidade de Vale de Ílhavo - Ílhavo, amanheceu com uma cena de terror: um conhecido médico e sua esposa, residentes naquele lugar, apareceram brutalmente assassinados em casa com vários golpes de faca. O autor confesso – o filho – acabaria por ser condenado à pena máxima permitida por lei 12 de Agosto de 1999, dia do último eclipse solar do milénio. A pacata localidade de Vale de Ílhavo acordava em choque: Jorge Machado, conhecido médico de clínica geral no centro de saúde de Ílhavo, e sua esposa, Maria Fernanda, foram encontrados barbaramente assassinados na sua residência, no número 60 da Rua Prior Valente. A cena encontrada era macabra. O casal tinha sido morto com dezenas de facadas um pouco por todo o corpo e, no final, houve uma tentativa de atear fogo às vítimas. A população ficou consternada com o acontecimento. À primeira vista, o cenário do crime indiciava um assalto como motivo, uma vez que alguns objectos de valor tinham desaparecido da residência. Mas, dias depois, a Judiciária de Aveiro, que investigou o caso, deteve o filho do casal, Tó-Jó, de 23 anos, e sua esposa, Sara Matos, referenciados como os principais suspeitos do duplo homicídio. Detido foi, também, mais tarde, um amigo do casal, residente no Porto. Tó-Jó acabou por confessar a autoria do assassinato de seus pais, mas negou o envolvimento da esposa ou de outro elemento. Uma versão que viria mais tarde a rectificar, confessando à PJ o envolvimento de Sara na congeminação do crime, mas negando sempre a participação do amigo. Tó-Jó e Sara eram o vocalista e a baterista, respectivamente, de uma banda musical de «death metal», os «Agonizing Terror» (Terror Agonizante). A banda, fundada em 1993, cultivava um estilo de música agressivo, próprio do «death metal», e as suas letras giravam em torno de temas como a morte, a violência e o ódio. A Judiciária de Aveiro desenvolveu uma teoria que ia no sentido do móbil dos crimes se ter ficado a dever a um ritual satânico. Para tal, contribuíam o facto dos suspeitos cultivarem um estilo de vida onde o mórbido estava frequentemente presente, nomeadamente ao nível dos gostos musicais, alguns indícios na cena do crime vistos como fazendo parte de rituais satânicos e a data em que ocorreu: no dia do último eclipse solar do milénio. Uma teoria que Tó-Jó sempre negou. Pena máxima A 20 de Dezembro de 1999 realizou-se a primeira sessão de julgamento no Tribunal de Ílhavo. A sentença foi lida a 17 de Abril de 2001. Tó-Jó foi condenado a 25 anos de prisão, a pena máxima permitida pelo Código Penal, pela autoria de dois homicídios qualificado. O tribunal deu como provados os actos praticados pelo arguido na noite de 11 para 12 de Agosto de 1999, que resultaram no brutal assassínio dos seus pais. O Colectivo de Juízes classificou este crime como tendo sido praticado com uma «brutalidade insuportável» e com uma «impiedade que não tem descrição». No entanto, o tribunal não deu como provada a teoria do ritual satânico como estando na base do duplo homicídio, mas anuiu que o móbil do crime terá sido razões de ordem económica. Sorte diferente teve a esposa de Tó-Jó e o amigo, também indiciados pela PJ. Sara Matos e Nuno Lima acabariam por ser absolvidos por falta de provas concretas que implicassem a sua participação ou conhecimento do duplo homicídio de Vale de Ílhavo. No entanto, o tribunal admitiu «seriamente» a hipótese de condenar a esposa do homicida. «É intuição do tribunal que (Sara) planeou com Tó-Jó o crime», afirmou na ocasião o presidente do Colectivo de Juízes, Paulo Valério. Contudo, a falta de provas concludentes que permitissem «dar o salto para a condenação» resultaria na absolvição de Sara. Residência (quase) vendida A residência onde foram assassinados Jorge Machado, e sua esposa, Maria Fernanda, em Vale de Ílhavo, está em processo de venda. Segundo o Diário de Aveiro apurou, a moradia foi alvo de uma proposta para compra por parte de um habitante do concelho de Vagos. A casa deverá mudar de dono ainda no decorrer do próximo mês, sendo o valor apurado com a sua venda destinado a cobrir dívidas que os malogrados pais de Tó-Jó teriam contraído em vida e que ascendem a cerca de 125 mil euros. Cronologia 1999 11 de Agosto – Último eclipse solar do milénio. 12 de Agosto, entre a 1 e as 3 horas da madrugada – Jorge Machado e Maria Fernanda são brutalmente assassinados em sua casa, em Vale de Ílhavo, com dezenas de facadas. 16 de Agosto – António Jorge, filho das vítimas, é detido pela PJ e ouvido no Tribunal de Ílhavo, onde se concentra uma multidão que protesta contra o suspeito. A Judiciária admite que os crimes tenham sido perpetrados em «quadro de liturgia de grupo». 17 de Agosto – Funeral de Jorge Machado e Maria Fernanda. 2000 8 de Abril – Sara Matos é ouvida pelo Tribunal de Ílhavo. 10 de Abril – O Tribunal confirma as suspeitas do envolvimento de Sara Matos (esposa de António Jorge) no crime, ordenando a sua prisão domiciliária. 18 de Julho – A PJ de Aveiro detém o jovem do Porto, Nuno Lima, suspeito de co-autoria dos homicídios. As autoridades, em comunicado, voltam a admitir que os crimes tenham sido cometidos «em quadro de liturgia de grupo». 20 de Dezembro – Primeira sessão de julgamento, com o filho do casal morto, a mulher e o amigo do Porto no banco dos réus. O juiz determina o adiamento da audiência. 2001 21 de Fevereiro – Recomeça o julgamento. Tó-Jó assume ter morto os pais sozinho, mas denuncia a cumplicidade moral da sua esposa. O arguido nega que o duplo homicídio se relacionou com rituais satânicos, como desde sempre foi admitido pela PJ. 22 de Fevereiro – Durante o julgamento, Sara Matos nega envolvimento no duplo homicídio e acusa Tó-Jó de maus tratos, atitudes «possessivas» e «doentias». A arguida sustenta que o marido planeou e executou o crime sozinho. Nuno Lima afirma a sua inocência, referindo que nunca se apercebera de qualquer problema entre Tó-Jó e Sara, que considerava como um casal exemplar. 23 de Fevereiro - Audição dos peritos em ADN e medicina legal. Estes últimos admitem a possibilidade do envolvimento de uma segunda pessoa no crime. As análises de ADN revelam-se inconclusivas, embora não coloquem de parte a presença de três arguidos no local do crime. As peritas consideraram não poder ser determinado com exactidão que as amostras de ADN pertencessem aos suspeitos. 12 de Março – Durante a tarde, os juízes e os advogados deslocaram-se à casa de Vale de Ílhavo, onde ocorreu o duplo homicídio, por sugestão da delegada do Ministério Público. 6 de Abril – Alegações finais: o Ministério Público (MP) pede a pena máxima para Tó-Jó e para a sua esposa, acusada da co-autoria material e moral. Para Nuno Lima, o MP deixa a sua condenação ao critério do Tribunal. 17 de Abril – Leitura da sentença. O autor confesso do crime em Vale de Ílhavo, António Jorge, foi condenado a 25 anos de prisão, a pena máxima aplicada pela Justiça portuguesa. Sara, a mulher do homicida, e Nuno Lima, o amigo do casal, foram absolvidos já que não foi possível provar a sua colaboração no crime.
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Um comentário:
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