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sábado, 16 de janeiro de 2010

Cultiva-te

O que é o tétano?

O tétano é uma doença infecciosa grave que frequentemente pode levar à morte. É causada pela neurotoxina tetanospasmina que é produzida pela bactéria anaeróbica Clostridium tetani.

História

O primeiro registo de ocorrência de tétano é de autoria de Hipócrates, que escreve no século V a.C., dando inúmeras descrições clínicas da doença. Contudo a sua etiologia (causa) foi descoberta somente em 1884, por Carle e Rattone. A primeira imunização passiva contra a doença foi implementada durante a Primeira Guerra Mundial.
Durante muitos anos o antídoto era feito por injecção de toxina em cavalos, e o seu soro rico em anticorpos antitoxina era administrado aos doentes. Contudo este processo gerava reacções imunitárias contra os anticorpos do cavalo, um problema denominado de doença do soro. Por essa razão, cada pessoa só podia receber antídoto uma vez na vida, pois a reacção do seu sistema imunitário contra o anticorpo de cavalo era quase sempre fatal à segunda aplicação do soro.

Transmissão

A bactéria é encontrada no solo, fezes de animais ou humanos que se depositam na areia ou na terra sob uma forma resistente (esporos). A infecção dá-se pela entrada de esporos por qualquer tipo de ferimento na pele contaminado com areia ou terra. Ferimentos com objetos contaminados normalmente representam um risco grande de desenvolvimento da doença, se a pessoa não tiver sido vacinada.
O esporo do bacilo Gram positivo tetânico tem sido encontrado em percentagens variadas no solo das diferentes regiões da terra.
Quando alguém se fere profundamente e não faz a higiene necessária, os médicos solicitam a aplicação do soro antitetânico, para que o tétano não se desenvolva. Esse cuidado é muito importante, porque a toxina tetânica tem afinidade pelo sistema nervoso e pode levar a pessoa à morte. O soro é uma preparação com anticorpos já prontos para o uso na defesa do organismo. Nos equinos o acesso da infecção dá-se com maior frequência em lesões nos cascos (pregos etc.), cordão umbilical, aparelho genital etc.
Nos bovinos pode-se instalar através de feridas resultantes de colocação de argola no focinho; da amputação dos chifres; da castração e de traumatismo da parição.
Depois que penetram no organismo, as bactérias e seus esporos elaboram duas potentes toxinas ou venenos, que entram na corrente sanguínea e vão agir nos grandes centros nervosos e também produzir espasmos tónico-clónicos.

Progressão e sintomas

A contaminação de feridas com esporos leva ao desenvolvimento e multiplicação local de bacilos. Eles não são invasivos e não invadem outros órgãos, permanecendo junto à ferida. Aí formam as suas toxinas, que são responsáveis pela doença e por todos os sintomas.
O período de incubação pode variar de 3 a 21 dias (sendo o mais comum 8 dias). Em casos de recém-nascidos, o período de incubação é de 4 a 14 dias, sendo 7 o mais comum. Na maioria dos casos, quanto mais afastada do sistema nervoso estiver a ferida, mais longo é o período de incubação. O período de incubação e a probabilidade de morte são inversamente proporcionais.
O tétano caracteriza-se pelos espasmos musculares e suas complicações. Eles são provocados pelos mais pequenos impulsos, como barulhos e luzes, e continuam durante períodos prolongados. O primeiro sinal de tétano é o trismus, ou seja, contracção dos músculos mandibulares, não permitindo a abertura da boca. Isto é seguido pela rigidez do pescoço, costas, risus sardonicus (riso causado pelo espasmo dos músculos em volta da boca), dificuldade de deglutição, rigidez muscular do abdómen. Opstotóno: é um outro sinal que é uma forma de espasmo tetânico em que se recurvam para trás a cabeça e os calcanhares, arqueando-se para diante o resto do corpo. O paciente permanece lúcido e sem febre. A rigidez e espasmos dos músculos estendem-se de cima para baixo no corpo. Sinais típicos de tétano incluem uma elevação da temperatura corporal de entre 2 a 4 °C, diaforese (suor excessivo), aumento da tensão arterial, taquicardia (batida rápida do coração). Os espasmos duram de 3 a 4 semanas, e a recuperação completa pode levar meses. Cerca de 30% dos casos são fatais, por asfixia devido a espasmos contínuos do diafragma. A maioria das mortes ocorre em pacientes idosos. Em países em vias de desenvolvimento este número pode atingir os 60%.
Complicações da doença incluem espasmos da laringe (cordas vocais), músculos secundários (aqueles do peito usados para respiração), e diafragma (o músculo primário usado na respiração); fracturas de ossos longos por causa de espasmos violentos; e hiperactividade do sistema nervoso autónomo.
Há três formas clínicas distintas de tétano: local (incomum), cefálico (raro), e generalizado (o mais comum). O tratamento generalizado é aplicado em 80% dos casos. No caso dos animais o período de incubação varia normalmente de uma a três semanas, porém, às vezes, dura até quatro meses. É mais curto nos animais novos. Os principais sintomas são:
mastigação fraca e deglutição lenta e difícil; rigidez muscular; protusão da membrana nicititante; erecção da orelha; ventre recolhido; pescoço estendido para a frente e a cabeça mais ou menos fixa; patas abertas e tesas, lembrando um cavalete; narinas dilatadas; movimentos cada vez mais lentos até a imobilização total; espasmos generalizados; tremores musculares, quando o animal é excitado. A morte vem através do esgotamento, paralisia dos órgãos internos ou pneumonia. Algumas vezes, no curso do tétano, pode haver remissões dos sintomas gerais, o que dá uma falsa impressão de melhora do animal.

Epidemiologia

O Bacilo de Clostridium tetani podem ser encontrados no solo (especialmente aquele utilizado para agricultura), nos intestinos e fezes de cavalos, carneiros, gado, ratos, cachorros, gatos, porquinhos da Índia e galinhas. Os esporos são encontrados também em solos tratados com adubo animal, na superfície da pele e em heroína contaminada.
Hoje em dia, com os programas de vacinação universais, o tétano é raro nos países desenvolvidos. Há, contudo,300 mil casos mundiais por ano, com mortalidade de 50%.

Prevenção

A prevenção é feita principalmente pela vacinação da população, pela rotina e pelos reforços a cada 10 anos.
A população também deve ser ensinada de que todos os ferimentos sujos, fracturas expostas, mordidas de animais e queimaduras devem ser bem limpos e tratados adequadamente para não proliferar a bactéria pelo organismo. O tétano pode ser evitado:
vacinando o animal anualmente, usando soro anti-tetânico antes das intervenções cirúrgicas ou depois de ferimentos que possam facilitar a infecção; evitando o contacto das feridas profundas com terra ou qualquer sujeira; cuidando da esterilização do instrumento cirúrgico e da antissepsia das feridas; desinfectar, tão cedo quanto possível, feridas recentes dos equinos; eliminando os objectos pontiagudos que possam causar ferimentos acidentais.
Diagnóstico

Recolha de amostras de líquido da ferida rico em toxinas e inoculação em animal de laboratório (rato). Observação de sinais de tétano no animal.

Tratamento

A ferida deve ser limpa. É administrado antídoto, um anticorpo que se liga à toxina e inibe a sua função. São também administrados fármacos relaxantes musculares, como curare. A penicilina e o metronidazol eliminam as bactérias mas não têm efeito no agente tóxico que elas produzem. Os depressores do sistema nervoso central Diazepam e DTP também são dados, reduzindo a ansiedade e resposta espásmica aos estímulos. No caso do animal o tratamento é difícil e problemático, devendo-se chamar um veterinário que poderá usar vários recursos como aplicação de soro antitetânico em doses maciças, acima de 100 000 unidades, por via endovenosa e repeti-las quando necessário.

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